No Areeiro... do lado de lá do muro

Para lá dos muros do meu jardim o que o rodeia é exatamente o que José
Régio descreve no seu poema “Toada de Portalegre”, as fotografias são minhas,
tiradas do lado de lá...

 

 

...De serras, ventos, penhascos, oliveiras e sobreiros 

 

 

Em Portalegre, cidade

Do Alto Alentejo, cercada

De serras, ventos, penhascos, oliveiras e sobreiros

Morei numa casa velha,

À qual quis como se fora

Feita para eu Morar nela...

Cheia dos maus e bons cheiros

Das casas que têm história,

Cheia da ténue, mas viva, obsidiante memória

De antigas gentes e traças,

Cheia de sol nas vidraças

E de escuro nos recantos,

Cheia de medo e sossego,

De silêncios e de espantos,

- Quis-lhe bem como se fora

Tão feita ao gosto de outrora

Como as do meu aconchego.

Em Portalegre, cidade

Do Alto Alentejo, cercada

De montes e de oliveiras

Ao vento suão queimada

(Lá vem o vento suão!,

Que enche o sono de pavores,

Faz febre, esfarela os ossos,

E atira aos desesperados

A corda com que se enforcam

Na trave de algum desvão...)

Em Portalegre, dizia,

Cidade onde então sofria

Coisas que terei pudor

De contar seja a quem fôr,

Na tal casa tosca e bela

À qual quis como se fora

Feita para eu morar nela,

Tinha, então,

Por única diversão,

Uma pequena varanda

Diante de uma janela

Toda aberta ao sol que abrasa...

 

Poema completo aqui:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Toada_de_Portalegre

 

 

 

 

... De montes e de oliveiras; Ao vento suão queimada...

 

publicado por naterradosplatanos às 19:08 | link do post