Segunda-feira, 30.04.12

E por aí… vidas difíceis!

 

 

     

 

  

Ontem “ancoramos” em Mira…hoje, logo pela  manhã subimos a duna que nos separava do mar, o mesmo mar encapelado que ontem deixei aqui, o céu estava escuro e ameaçava chover…

 

Tínhamos andado um pouco sobre a areia quando ao longe vislumbramos uma pequena multidão e muitas centenas de gaivotas rodopiando no ar.

Apressamos o passo e então deparamo-nos com algo que nunca tinha presenciado ao vivo, o puxar de uma rede carregadinha de peixes que aprisionados na malha fina pareciam cor de prata…

 

Em roda a azáfama era grande, uns retiravam-nos para os caixotes de plástico, enquanto outros os passavam por água separando-os: robalos para um lado, pargos para outro, linguados, sardas, raias, ora para a caixa amarela ora para outra igualmente colorida … o grosso era de carapaus pequenos e algumas sardinhas.

Com eles vinham minúsculos caranguejos e que eu visse três enormes alforrecas que atiradas para o lado rapidamente pareceram dissolver-se na areia. Porém havia algo mais que estava deslocado dentro daquela rede, exatamente, no meio de toda aquela prata estava… uma garrafa de água, plástica!!!

 

Ninguém, tenho a certeza, deu por nós e assim pudemos apreciar as conversas que se iam desenrolando… a rede de arrasto tinha sido lançada na noite anterior (não sei porquê mas parece que durante a noite a pesca é mais compensadora) e aquela hora, 10h da manhã, a tinham então trazido. Não senti descontentamento com o resultado, mas agora quando escrevo senti que podia ter perguntado se a faina tinha sido compensadora, mas não o fiz e tenho pena!

 

Entretanto avançamos no nosso passeio pela areia molhada… mais ao longe vejo agora um barco, um pequeno barco colorido que tenta entrar no mar cortando as ondas que não se mostravam fáceis. Nele vão apenas dois homens e dois remos e não fora o impulso dado por um trator que ali estava para o efeito, dificilmente o teriam conseguido.

Antigamente esse contrariar do mar era feito por muitos braços, tal como o retirar da rede era feito por uma junta de bois, era a arte da Xavega…

Hoje está lá o trator mas a vida desta gente continua a ser difícil e o risco permanente.

 

Apreciem o mar batido e o céu cor de chumbo a ameaçar tempestade… o bote, dois homens e dois remos  a desafia-lo.

 

E não são estas vidas difíceis? 

 

 

 

 

 

 

publicado por naterradosplatanos às 10:04 | link do post | comentar | ver comentários (17)
Sábado, 28.04.12

E por aí...

 

Hoje estou um pouco preguiçosa e já que aprendi a colocar vídeos meus no blog, aqui deixo um do mar do Furadouro  ao qual acrescento este poema de Fernando Pessoa que todas/os conhecemos.

 

 

 

 

  

 

MAR PORTUGUEZ

Ó mar salgado, quanto do teu sal

São lágrimas de Portugal!

Por te cruzarmos, quantas mães choraram,

Quantos filhos em vão rezaram!

Quantas noivas ficaram por casar

Para que fosses nosso, ó mar!

 

Valeu a pena? Tudo vale a pena

Se a alma não é pequena.

Quem quere passar além do Bojador

Tem que passar além da dor.

Deus ao mar o perigo e o abysmo deu,

Mas nelle é que espelhou o céu.

 

publicado por naterradosplatanos às 15:56 | link do post | comentar | ver comentários (6)
Quarta-feira, 25.04.12

Aprendi (por mim) a colocar um vídeo no YouTube!

 

Alguns dirão, mas que "grande feito"! Para mim não será um grande feito, mas o facto é que fiquei contente que o meu esforço desse resultado. 

 

Raramente tenho feito vídeos e por isso a escolha não foi muita, mas acho que este é um vídeo muito agradável de ver e ouvir. Foi feito exatamente no ano passado, no Mont Royal, no dia 25 de Abril.

 

Aí, ainda a Primavera não tinha chegado e se observarem bem no chão não se vislumbra nada de verde e as árvores continuam despidas. Não obstante vê-se uma passante já de sandálias!

 

Já  outras vezes me tinha deparado com este tocador de flauta, mas nunca me tinha lembrado de gravar a sua música, embora lhe tenha feito outras fotografias…

 

Ouçam então estes acordes simples de alguém que escolheu neste dia, como palco, a curva de um dos  caminhos do Mont Royal!

 

 

publicado por naterradosplatanos às 16:05 | link do post | comentar | ver comentários (8)
Segunda-feira, 23.04.12

A história do meu limoeiro…

 

 

      

 

 

 

  

Este meu limoeiro é tão velho quanto a casa a que pertence.

Quando nos mudamos, o nosso logradouro, termo porque está designado na escritura da casa era pequeno, no entanto era simultaneamente jardim, horta e pomar!

 

A horta era lá no fundo junto ao muro e nela foram plantados alhos, cebolas, cenouras, alfaces e morangos, imaginem! O “pomar” estava implantado quer na horta quer no jardim e dele faziam parte, uma ameixeira, uma laranjeira, uma romãzeira, um diospireiro, uma figueira, uma nespereira e o limoeiro!

 

A “horta” foi abandonada anos depois por termos adquirido ao nosso vizinho o dobro do terreno que então tínhamos, também mais tarde tivemos que nos desfazer da nespreira, da ameixeira e da figueira para lá pormos a nossa 10x4 para os nossos netos acharem o verão do Areeiro mais suportável...

Mas vamos lá à história do meu limoeiro: comprei-o em janeiro de 85 altura em que as árvores apareciam no mercado de sábado e foi a 1ª árvore que plantamos juntamente com a laranjeira.

Foi-me dito que era uma qualidade que dava limões todo o ano o que muito me agradou. O limoeiro foi crescendo e claro não era expectável que desse fruto antes de três anos… passaram três, passaram quatro e nada!

 

Um dia voltei ao mesmo mercado para comprar outras árvores, para o novo espaço então adquirido, e um novo limoeiro para compensar a infertilidade do que já tinha.

 

Em conversa com a vendedora, queixei-me do limoeiro que ela mesma me tinha vendido. Então, virando-se para mim diz-me: menina (nessa altura, há uns 24 anos, ainda não tinha cabelos brancos) dê-lhe porrada, agarre num sacho e dê-lhe porrada! Logo ali ao lado estava alguém que, perante o meu sorriso de dúvida, me garantiu que era remédio santo!!!

 

Bom, chegada a casa e embora incrédula logo nessa tarde decidi aplicar o “remédio” aconselhado... e sempre rindo-me de mim própria lá fui deixando o tronco muito mal tratado!

 

Estão a sorrir ou mesmo a rir? Olhem que enquanto escrevo isto eu estou a rir só de pensar na minha figura, o que aliás acontece sempre que conto isto a alguém!

Mais tarde e com a leitura de alguns livros relacionados com estes assuntos encontrei a explicação científica para o assunto: dizem os livros que para aumentar a produtividade das árvores de fruto se deve fazer um anel no tronco, tirando ¾ da casca, isto como forma de que certa hormona se mantenha o mais tempo possível nos ramos florais.

 

Assim dando porrada (desculpem a expressão) ao meu limoeiro e consequentemente cortando partes da casca do tronco estava a seguir um conhecimento empírico transmitido pela vendedora!

 

Portanto não se admirem que lhes diga que a partir desse “corretivo” foi um nunca mais parar de dar limões, seja qualquer que for a época!

 

 

p.s. fiz o mesmo à minha ameixeira Raínha Claudia e parece que também deu resultado.

 

publicado por naterradosplatanos às 16:56 | link do post | comentar | ver comentários (17)
Sábado, 21.04.12

Para todos os que gostaram das papoilas (portuguesas)!

Estas papoilas devem ser "trangénicas", "hibridas" sei lá!

Não sei mesmo se estes são os termos certos para nomear estas transformações...que me perdoe a minha sobrinha Susana! Essa sim, deve saber a palavra certa que justifica estas diferenças com as que dão cor às bermas das nossas estradas.

 

Estas fotografias foram tiradas o ano passado em Montreal no jardim do Casino.

 

 

 

 

 

 

publicado por naterradosplatanos às 10:15 | link do post | comentar | ver comentários (6)
Quinta-feira, 19.04.12

No Areeiro… indignada!

 

Não sou alentejana e apesar de no Alentejo viver há quase 38 anos não sinto que o seja de coração. Gosto de viver na minha casa que calhou ser no Alentejo, mas não me identificando propriamente com ele, não suporto que apouquem esta gente! Talvez por isso sempre achei de mau gosto as anedotas que contam acerca dos alentejanos.

 

Aqui conheci gente simples que muito prezoo, alguma que trabalhou em minha casa outra ainda que faz parte da vizinhança. Toda esta gente simples sempre foi simpática comigo e continuamos com ela a ter boas relações…

 

Esta gente simples de que estou a falar toda ela é analfabeta, são mulheres e homens hoje por volta dos 70 anos e que nunca foram à escola. Assim todas estas de que falo não sabem sequer assinar o seu nome, fazem contas de cabeça mas não as sabem passar ao papel.

Toda a sua infância foi a trabalhar pois, além das escolas serem longe, o trabalho das crianças não era de desperdiçar. A maior parte criou-se nos “montes” ou lugares afastados da cidade e os transportes, como hoje os concebemos, não existiam.

Não tiveram bonecas e as bolas dos rapazes eram de trapos, as refeições, sopa e pão e algum mimo só nas festas…

E qual a razão da minha indignação?

 

Este anúncio que  a “Compal” trouxe para o lançamento de um novo sumo!

 

 

 

 

Leiam com atenção:  Amêcha Rainhã Cláudiã do Alêntejo !

 

Como é possível que alguém tenha proposto este anúncio infame e alguém o tenha aceite?

 

Estou a pensar em fazer chegar o meu protesto à  Administração da Compal e para isso só preciso de verificar se estas embalagens continuam à venda, já que a fotografia foi tirada exatamente na semana da Páscoa.

publicado por naterradosplatanos às 10:23 | link do post | comentar | ver comentários (20)
Terça-feira, 17.04.12

E por aí… rumo a Norte

 

    

 

 

 

 

 

 

 

A paisagem, se olharmos ao longe, é a mesma de há milénios: primeiro a planura que termina rapidamente no vale (o do Tejo) depois passamos ao planalto beirão, ao longe a Serra da Estrela, de novo o planalto até outro vale profundo (o do Douro) e de novo o planalto, mas agora o transmontano.

Isto está lá tudo, mas se olharmos as bermas da estrada tudo é diferente! As barreiras das estradas novas já não deixam a vegetação descer até nós e só um ou outro tufo de papoilas atrevidas dá algum colorido ao asfalto cinzento…

 

As papoilas se formos a ver deviam ser consideradas “espécie em extinção” pois tal como as mondadeiras do Alentejo, cujo trabalho foi dispensado com o aparecimento dos herbicidas, também elas sofreram com os “químicos”…

 

Nos meus tempos de menina se havia algo que nos fazia felizes era, em domingos de Primavera e ao arrepio da vigilância do meu pai, entrarmos numa seara colher papoilas…

 

Mesmo que estes cenários coloridos ainda existissem, as crianças de hoje certamente já não se deslumbrariam com elas… porém eu ainda me deleito a apreciar as poucas que ainda vejo na bermas da estrada e por isso fiz este post!

 

 

Espreitando o asfalto...

 

publicado por naterradosplatanos às 17:55 | link do post | comentar | ver comentários (9)
Sexta-feira, 13.04.12

No Areeiro… um momento de pura felicidade!

 

 

      

 

Como é que uma chuva forte, puxada pelo vento que ameaçava arrancar o pinheiro me fez sentir esse momento de pura felicidade? Exagero dirão, mas vejam se não é motivo para isso.

 

Quando a nossa casa estava em construção e num dia de visita às obras, (ainda a casa sem telhado) deparamo-nos com uma vista  da cidade espectacular, e alguém (?) alvitrou: “mas que excelente terracinho aqui ficava”! Logo de momento eu não gostei da ideia, embora concordasse que a vista o merecia…

 

Como quase sempre acontece, uma ideia aparece, germina e… acaba por se concretizar.

Os primeiros anos, e com poucas visitas da nossa parte (não esqueçamos que havia um jardim), o terraço não foi problema pois a impermeabilização parecia ter sido bem feita.

Mas o tempo passou e os tetos cá debaixo começaram a acusar o mau comportamento do terraço. Porém o grave era quando a chuva puxada pelo vento originava um “ping…ping…ping” que embora caindo dentro da banheira nos infernizava a noite!

De novo obras de impermeabilização com tudo o que significa ter operários em casa e, por um curto espaço de tempo o problema ficou solucionado.

 

No entanto não demorou muito que a odisseia recomeçasse para nosso desespero.  Por  acaso estando cá a minha irmã e tendo-se falado no assunto ela alvitrou: “porque o não mandam fechar”? Realmente nunca nos tinha passado pela ideia tal solução! Entretanto regressamos ao Canadá e a ideia ficou na cabeça…

 

Regressados de vez, e decididos a acabar com o problema iniciamos o processo. Eu tinha bem a certeza do que queria e não queria. Não queria nada que se parecesse com uma marquise suburbana… mas sim algo a que com propriedade pudesse chamar o meu solário.

 

E é esta concretização, que está lá apenas há umas três semanas, que hoje me proporcionou esse momento de pura felicidade: choveu forte, fez vento com rajadas e uf! já posso dormir descansada sem o ping…ping a ecoar na minha cabeça!

 

Não acham que é para me sentir feliz?

 

 

 

 

publicado por naterradosplatanos às 11:37 | link do post | comentar | ver comentários (15)
Quarta-feira, 11.04.12

E por aí...

 

Depois da “não Páscoa” de que falei achamos por bem ir por aí no nosso “Yatch” que, a bem da saúde das suas baterias, precisa de sair. Atracamos em Alcácer do Sal e aqui o termo atracar quase é real pois o rio Sado corre mesmo lá em baixo.

 

O parque de campismo de Alcácer pode, entre os parques portugueses, ser considerado 5*, é pequeno, talvez uns 30 alvéolos relvados e com todas as comodidades necessárias para usufruirmos a calma que nos proporciona.

Não é pois por acaso que quando chegamos a maioria das autocaravanas ostentava matrícula holandesa, mais uma irlandesa, duas inglesas, porém desta vez faltavam os finlandeses que também costumam  parar por aqui.

  

Penso que a qualidade do parque deve passar de boca em boca e que alguns decidem ali passar várias semanas quiçá, meses de inverno. A maioria é bem avançada na idade e eu pergunto-me como ainda se atrevem a fazer milhares de quilómetros até ao nosso sol!

 

Depois de “atracarmos” abri a janela e espreitei para os vizinhos (holandeses) que  pelo que observei  deviam estar ali há muito tempo!

 

 

Convido-os a espreitarem também…

 

 

 

 

e a olharem mais de perto e observar o pormenor da jarra em cima da mesa... 

 

publicado por naterradosplatanos às 11:44 | link do post | comentar | ver comentários (6)
Segunda-feira, 09.04.12

No Areeiro… não dei pela Páscoa na cidade!

 

 

 

 

 

As ruas estavam vazias e nada vi de alusivo à época se excetuarmos as dezenas de ovos de chocolate enfileirados nas prateleiras do supermercado!

 

Como as padarias, no sentido antigo da palavra, já praticamente desapareceram, com elas desapareceram os “lagartos” de bolo finto com lacinho de fita de embrulho ao pescoço e olhos feitos com dois feijões frade!

 

Todas as Páscoas lá apareciam, tal como os folares de dois ou quatro ovos, folares estes que com grande desilusão minha (quando cá cheguei) não tinham nada a ver com o folar transmontano. Estes, são de bolo doce, o chamado “bolo finto” que leva açúcar, canela e erva-doce e na massa do qual se enterram ovos inteiros e que depois, obviamente, saem cozidos. Não acho muito feliz a combinação do doce do pão com o ovo endurecido e frio, mas é/era a tradição e nos tempos difíceis do Alentejo deveriam parecer um manjar!

 

Quanto aos ditos “lagartos” só na forma diferiam do “folar de ovos” , nestes o ovo estava metido na boca do dito" animal". Algumas vezes foram oferecidos aos meus filhos, então miúdos, mas não é que nem eu nem eles conseguimos comer nenhum!? Acho que era a forma como o ovo estava na boca do lagarto que nos impressionava…

 

A Páscoa pelo menos para estes lados está desaparecida mesmo pensando que pelo Alentejo ela não tinha o vigor da tradição do Norte.

 

Por esta altura a Norte as mimosas estavam floridas e floriam também as jarras lá em casa e nessa altura não me lembra que alguém falasse em alergia ao polen! Depois havias as procissões, e os anjinhos que nos fascinavam e dos quais eu e a minha irmã ainda lhe vestimos a pele, melhor, o fato e as asas que inevitavelmente iam sempre tortas... Também pela Páscoa tínhamos sempre um vestido novo, de “bual de lã” (adequado à meia estação) e sapatos novos, estes normalmente dados pela minha querida avó. 

Se o tempo o permitia e a Páscoa era na rua, lá estávamos nós a brincar ao “jogo do cântaro” com as meninas da vizinhança…

 

Esqueci-me, e no auge de falar da “não Páscoa” abri o baú das recordações o que rarissimamente faço e que apesar de lá dentro só estarem boas recordações ( se excetuarmos a perda dos avós) eu nunca o quero abrir… Estranho dirão, mas lembrar o que já não voltará a acontecer de novo, também pode doer e ao fim e ao cabo todos nós, se pudermos, evitamos a dor…

 

Tudo isto acontecia há mais de cinquenta anos atrás.

 

 

 

p.s. as fotografias foram tiradas da internet mas como estavam muito pequenas, ao aumentá-las perderam um pouco a nitidez, mas dá para ver do que falo.

 

 

 

publicado por naterradosplatanos às 19:20 | link do post | comentar | ver comentários (12)

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