Do Areeiro… adenda ao ”post” anterior
Ontem o post já ia longo e por isso deixei para hoje a apreciação do grupo de “excursionistas”.
Uma coisa interessante foi o poder analisar as pessoas e conscientemente observar o seu comportamento. Claro que também houve quem nos analisasse e já no fim, em conversa à mesa alguém disse que nós eramos muito caladinhos… efetivamente eramos, mas também só assim me foi possível ir fazendo essa análise.
Havia aquelas, digo aquelas porque normalmente os homens não entram por aí, que rapidamente deram a conhecer as quintas que tinham, os azulejos Viúva Lamego que as decoravam, a piscina de muitos metros com um fundo decorado… Outras falando das joias que as traziam pois não se podiam ver sem elas, embora as melhores estivessem num cofre no banco! Só pergunto para quê joias numa viagem de recreio?!
Depois uma, sempre insatisfeita reclamando junto do guia por falta de tempo para irem aqui ou ali, pois meteu-se-lhe na cabeça que tinha que ir a um museu que não estava programado.
Também uma outra com problemas de locomoção (devia ter pensado antes de se meter numa destas) e que foi fonte de alguns atrasos e até de uma discussão deselegante com um participante solitário por disputa de lugar!
Depois havia a “star” uma elegante senhora que à ida foi ao meu lado no avião e que, tendo-nos sido distribuído um jornal semanário turco em inglês, para o caso o STAR, cujo cabeçalho tem uma faixa vermelha com uma estrala em branco, tal como a bandeira turca não lhe agradou. Com grande espanto meu diz-me ela: não, esse não leio que é comunista!! Primeiro pensei que não soubesse inglês, mas não, porque depois pediu-me para dar uma vista de olhos ao Daily Mail que eu tinha comprado no aeroporto.
Interessante, interessante foi ouvir o “empresário”, que apesar das minhas aspas o era mesmo. Ele e a mulher teriam 40 e poucos anos, eram de uma aldeia perto de Barcelos o que explica que de vez em quando, na exuberância de se exprimir, lá viesse um “carago”( mas só isso). Segundo ele, vieram do nada, deixou a escola cedo e foi trabalhar para uma fábrica têxtil durante alguns anos. A fábrica faliu e ele e a mulher decidiram então abrir o negócio, basicamente tingindo materiais para confeção. Segundo a mulher estão a passar, ao contrário do que se imaginaria, uma fase muito boa e que desde Junho não têm tido mãos a medir!
Na sua filosofia muito própria de “nunca perder tempo” diz ele que as falências dos grandes tem sido um maná para os pequenos! A sua desinibição permite-lhe conseguir ir a feiras internacionais mesmo não dominando línguas e obter contratos de fornecimentos como disse nesse dia à mesa. Também nos disse, que tem dois filhos, que não falta lada lá em casa e que todos os anos fazem férias de TI (tudo incluído) e assim já foram a Cabo Verde, México, e duas vezes à República, deduzi eu que se tratava da R. Dominicana. Tudo isto dito de forma simultaneamente exuberante e simples sem a pretensão de, como costumamos dizer, “de se armar” !
Não imaginam como eu apreciei e como gostei, embora já no último dia, de ficar ao lado desta alma, quer pela sua história de vida quer por uma certa “pureza” com que a encara!