Andava eu “por aí” e, como hoje em dia há sempre um computador na bagagem, recebi um mail da minha sobrinha com um link que me remetia para o Jornal Público http://www.publico.pt/sociedade/noticia/depois-da-guerra-o-paraiso-era-portugal-1581863#/0 , mail que aqui transcrevo:
Aqui vai uma historia que certamente vos diz muito.
Tia Dalminha, nao sei se terá muitas memórias dos vossos "hospedes austriacos" mas talvez seja um bom tópico para um post no "No Areeiro…e por aí"
Beijinhos Susana
Acontecia que eu andava “por aí” e disso tinha que dar notícias, assim deixei para falar das minhas memórias, sobre assunto, para quando chegasse ao Areeiro.
Sim Susana, lembro-me do Rodolfo chegar, precisamente da noite em que chegou. Lembro-me de vir com o teu avô e lembro-me que nessa noite dormiu no divã que havia na sala (na altura morávamos na Rua Guerra Junqueiro). Nessa altura os sofás camas ainda não existiam, os divãs faziam as suas vezes…
Eu tinha 5 anos, nesse Janeiro, mas ainda tenho memórias. Lembro-me de brincarmos, lembro-me das cartas dos pais dele chegarem, lembro-me de ele dizer que tinha medo do “crampuss”, palavra que segundo a minha irmã, sabedora da língua alemã, diz não existir e que provavelmente era uma forma infantil de nomear qualquer coisa que metia medo… lembro-me de os meus pais lhe mandarem fazer um sobretudo (estávamos em pleno inverno), lembro-me de a minha mãe lhe estar a fazer a mala e nela irem uma série de presentes para os pais, o irmão e a irmã…
Estas são as memórias que tenho dos 8 meses que o Rodolfo esteve connosco, depois foi o vazio. Sei que durante algum tempo chegaram cartas e foram cartas, sempre via Cáritas uma vez que em qualquer caso tinham que ser traduzidas, mas o tempo e as distâncias erodem as relações e foi o que aos poucos aconteceu.
Foi pena termos perdido o contacto, perder a direção, esquecer o apelido ( hoje o Facebook poderia dar uma ajuda) mais a mais que a minha irmã, que na altura tinha três anos, veio a fazer do Alemão a sua ferramenta de trabalho…
Aqui vão as fotografias que a minha mãe ainda guardava num velho álbum…
Fotografia tirada antes de nos deixar...
Nós e o Motelik que foi o menino que ficou com o meu tio que era médico
Com a família já na Áustria