No Areeiro e por aí...

A estação balnear está quase a acabar, os últimos três netos vão-se amanhã e então os pardais e melros voltarão a assenhorar-se do jardim. Mais oito dias e a piscina fica pronta a hibernar, recolhem-se as cadeiras e as almofadas até ao próximo Maio!
Com as temperaturas mais baixas o meu jardim há-de voltar a ficar fresco embora com menos flores. Depois de voltarmos do outro lado do Atlântico lá para 6 de Outubro é a vez da horta e do pomar levarem um arranjo. Não vou cá estar para apanhar os figos que vão amadurecer na minha ausência e espapaçarem-se no chão o que evidentemente será uma pena... Não tenho cão nem gato, eliminei a horta para não estar presa mas cheguei agora à conclusão que a fruta perecível também pode ser um entrave... ou talvez não pois a passarada fica à vontade!

No tempo em que os meus filhos andavam na primária era normal as professoras do Colégio mandarem trabalhos para férias: fichas que não foram feitas, uma série de composições, contas de multiplicar e dividir. Era um trabalho para os longos meses de férias e só na primeira semana e nas semanas que íamos por essa Europa é que estavam dispensados.
Agora acho que nenhuma professora faz isso, mas cá em casa a Sra. D. Maria do Céu e D. Maria Amélia foram substituídas pelas duas mães e o "home work" acontece todos os dias mesmo que os meus queridos estejam no Areeiro!

Mas que ideia a de dois reformados, que tendo todo o tempo por sua conta escolherem, ainda para mais num fim de semana de Agosto, ir passa- lo a um Parque de Campismo junto à praia!
Pois, só que o "nosso yatch" precisava de estrada a bem das suas baterias!

Sabendo que estas alturas junto às praias não são os melhores sítios para esta altura tínhamos decidimos rumar a um no interior mas, consultada a meteorologia esta previa para este fim de semana temperaturas entre os 40° e os 42°! Logo essa direção ficou excluída e portanto restava-nos rumar a ocidente, onde certamente correria alguma brisa marítima.

Este lugar a ocidente foi há muitos anos um lugar ideal para as crianças terem campo, praia e piscina simultaneamente.
Nessa altura a pressão de campistas não se fazia sentir! Hoje, o parque embora mantendo a limpeza que o caracterizava não é para nós um lugar ideal embora concorde que, para uma certa camada de séniores seja um excelente lugar de convívio e até permita uma época muito "curtida" como diriam os seus netos que muitas vezes os acompanham.
Há concursos variados, bailes à noite com aquelas músicas típicas de verão, as esplanadas estão cheias e hoje até vi lá sentadas duas senhoras que faziam e discutiam as suas rendas!

Estranhamente às portas das caravanas rodeadas de imensas tralhas até podemos contar vários Mercêdes e BMWs mas,
enfim todos têm direito a gostar de uma 2ª habitação na favela!

A praia, passados tantos anos é agora semi-selvagem, digo semi porque apareceu um simpático barzinho e agora o caminho até lá faz-se, já não pela terriça mas por um belo passeio calcetado de tijolos vermelhos...

Há dois dias fui fazer de baby-sitter aos meus netos pequeninos. Acontece que esse período incluía a hora de jantar para os três e, como tal fui eu que o fiz, simples: massinhas e bifinhos. A sopa já estava pronta.
Sentados à mesa a certa altura e entre outras conversas o H. diz: ó vó o bife está muito bom! "Ai, sim? Então a avó cozinha melhor do que a mamã!"O H. reflete um pouco, e com os dois dedinhos faz menção de traduzir em espaço a diferença dos meus cozinhados e os da mãe,: "é só este bocadinho avó"e continuava a mostrar o pequeno espaço entre os dedos.
Chegados os pais e perguntados de como tinha corrido o jantar, diz o H. : " foi o melhor bife que jamais comi!"
O H tem 5 anos e foi um menino muito precoce a falar, se exceptuarmos alguns rrs é prefeito na sua construção frásica, e sua capacidade de usar os advérbios e adjectivos é admirável!