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Ainda não tenho notícias... mas continuo tentando, pois também eu estou curiosa.
Hoje saí pela manhã para fazer umas coisas, ir o correio, à farmácia e pouco mais. Como ontem o dia foi de chuva e a Estrela esteve cá, não tive nada para fazer, logo a tarde foi de sofá! Assim sendo hoje decidi que iria fazer tudo a pé e depois subiria até à Sé para estender as pernas... Saída da farmácia e decidi-me por outro percurso, que não o habitual, assim rumei ao Jardim da Corredoura para depois ir até lá em cima.
A meio da rua que leva ao jardim deparei com algo que me fez parar e ficar a pensar sobre quanto significado aquilo teria para alguém... Aqui-lo com que me deparei foi simplesmente isto: uma casa pobre, em quase ruína, uma porta com um postigo (única abertura para a rua) um buraco de correio atafulhado de publicidade (!!) e preso ao batente um lindo ramo de três orquídeas ! Fiquei por momentos presa a olhar aquele cenário... saudade, agradecimento por dias felizes ali passados? Que momentos, certamente bons, aquela casa e quem nela habitou terá proporcionado a esse outro alguém que, certamente, com o coração cheio de saudades, ali as deixou?
A casa, muito pequena, está ladeadas por outras desabitadas, também não vi por ali ninguém senão teria perguntado o que sabiam sobre esse alguém que ali teria deixado aquelas lindas quatro orquídeas!
Professora! Olhei para trás e de imediato a reconheci. Era a Helena, minha aluna há muitos, muitos anos... Era então uma adolescente de olhos azuis, muito azuis e o cabelo loiro era um mar de caracóis. Hoje é uma jovem mãe que levava pela mão a sua pequena Elisa. Abraçou-me, olhou-me de frente e disse-me: "a professor está na mesma e como gosto de a ver!" Conversamos não mais de dois ou três minutos pois a pequena Elisa larga-lhe a mão e corre para longe... A mãe corre a trás dela e a nossa conversa teve que acabar ali com pedidos de desculpas.
Nada que eu não compreendesse pois mãe de gente pequena não tem direito a parar para conversar!
Passava das oito da noite, acabava de fazer umas horas de babysitter junto dos meus netos, chuviscava e o pavimento da Praça de Londres brilhava refletindo as luzes das montras... Na esquina com a Avenida Paris lá estava o homem que decostume ali assa castanhas, espevitando o fogareiro. Passei por ele a correr já que a chuva ficava mais intensa. Desci a Guerra Junqueiro, apressada e entrei a correr na Estação da Alameda e só então abrandei o passo.
Já muitas vezes o lá tinha visto mas sem propriamente lhe prestar atenção, porém desta vez ou porque me sentia um pouco desconfortada com a humidade ou porque simplesmente lá vi uma pequena bicha resolvi parar.
A filosofia é a mesma do carrinho das castanhas só que este carrinho não tem cinza, ninguém chocalha o assador mas pelo contrário, de um dos lados do carrinho que é branco e decorado com desenhos de azulejos azuis, está uma menina de bata branca e pinça na mão... e que vende ela?
Vende deliciosos pasteis de nata quentinhos! São deliciosos, eu provei,
e custa cada um 1€.
Se lá passarem experimentem que não se vão arrepender.