Ainda as crianças...
Está a decorrer na Biblioteca Municipal uma exposição documental sobre a obra de Manuel da Fonseca de quem eu sou grande admiradora. Assim sendo fui com tempo apreciar o que está exposto e entre o que estava nos placares dei-me com esta deliciosa crónica:
(Como não a encontrei na internet de modo a fazer "copy/past" fui tirar-lhe a fotografia que vêem e pacientemente transcrevê-la para aqui)
O MUNDO DAS CRIANÇAS
Crónica de Manuel da Fonseca
" Todos andamos por aqui esquecidos que já fomos desse mundo. A vida arrastou-nos para longe; andamos desatentos e fugidios. Andamos inquietos na luta amarga e incerta do dia a dia. Mas não sei que poderosa tarefa se eleva ao de cima de todos os outros problemas e chama insistentemente por nós. Nada mais conta. Bem ouvimos os risos e as danças; ouvimos o brincar voluntarioso e ágil da infância. Mas é um ouvir distante que não encontra eco nos nossos corações. Até mesmo quando cansados da luta nos debruçamos sobre aquele mundo que já foi nosso o fazemos com um olhar turvo e um entendimento adormecido.
Mas quem nos ensinou alguma vez a amar e a entender as crianças?
Nenhum de nós desconhece como as coisas se passaram. Vai-se àquele exame - menino entre doutores - e, depois, tudo e todos se conjugam para matar em nós o que ainda nos resta da infância."
Publicada na revista "Eva", Dezembro de 1947 (p. 33 e34)
Desculpem a má qualidade mas por mais que me esforçasse não consegui foca-la melhor.
Manuscrito da crónica

(Como não a encontrei na internet de modo a fazer "copy/past" fui tirar-lhe a fotografia que vêem e pacientemente transcrevê-la para aqui)
O MUNDO DAS CRIANÇAS
Crónica de Manuel da Fonseca
" Todos andamos por aqui esquecidos que já fomos desse mundo. A vida arrastou-nos para longe; andamos desatentos e fugidios. Andamos inquietos na luta amarga e incerta do dia a dia. Mas não sei que poderosa tarefa se eleva ao de cima de todos os outros problemas e chama insistentemente por nós. Nada mais conta. Bem ouvimos os risos e as danças; ouvimos o brincar voluntarioso e ágil da infância. Mas é um ouvir distante que não encontra eco nos nossos corações. Até mesmo quando cansados da luta nos debruçamos sobre aquele mundo que já foi nosso o fazemos com um olhar turvo e um entendimento adormecido.
Mas quem nos ensinou alguma vez a amar e a entender as crianças?
Nenhum de nós desconhece como as coisas se passaram. Vai-se àquele exame - menino entre doutores - e, depois, tudo e todos se conjugam para matar em nós o que ainda nos resta da infância."
Publicada na revista "Eva", Dezembro de 1947 (p. 33 e34)
Desculpem a má qualidade mas por mais que me esforçasse não consegui foca-la melhor.
Manuscrito da crónica
