A flauta volta a ouvir-se...
Quando ouço a flauta dos amoladores invariavelmente lembro-me do Professor Orlando Ribeiro.
Dizia ele que sempre que os amoladores voltavamà rua ua era sinónimo de crise. Explicava-nos que quando os salários se tornavam magros havia que suplementá-los com outras atividades e assim saíam à rua os amoladores que, para além de afiarem facas e tesouras, deitavam pingos em fundos das panelas e arranjavam as varetas dos guarda-chuvas.
A bicicleta parava, então a roda de grés, colocada na parte de trás girava à velocidade que o pedal lhe imprimia, simultaneamente as faíscas saíam e fascinavam-nos...
A crise, a de hoje, também tem os seus amoladores só que mais sofisticados, já não deitarão pingos em fundos de panelas, nem consertarão guarda-chuvas...Também a bicicleta foi substituída pelo triciclo que adquiriu ares de tuc-tuc carregando sobre si a a publicidade dos serviços que presta.
Porém a flauta continua ainda a fazer parte do ofício e não fora ela e eu não teria dado pela modernidade do seu aspeto.