No Areeiro e por aí...

Recebi hoje, obrigada Clélia!

Entre os aromas de vinho doce com canela, Gutenberg olha de cima do pedestal as gentes que se acotovelam cá em baixo... polícias, donos de metralhadora estão vigilantes.

Hoje há mais, muitos mais e abrir os casacos, que nos tornam mais ou menos deformados, foi nova exigência... mas ninguém parece importar-se!

Gutemberg não nasceu aqui, mas parece ter sido em Strasbourg que apresentou a sua invenção sem no entanto alguém aqui o quisesse financiar...

Como cidade no cruzamento de “caminhos” e aberta ao Reno muitos intelectuais aqui passaram em épocas distantes, Gutenberg aqui viveu no séc XV, Goethe no XVII e entre eles muitos que desconheço!

Todos eles estão em nomes de ruas ou praças, estes dois têm o privilégio de uma estátua.

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Strasbourg tem, no mapa que localiza as igrejas com concertos, entre católicas e protestantes, que eu contasse, dezanove!

Acontece mesmo que as há lado a lado e com o mesmo nome: igreja protestante Saint-Pierre-le-Vieux, compartilhando uma das paredes com a igreja católica Saint-Pierre-le-Vieux, ou ainda a protestante Saint-Pierre-le-Jeune e a católica Saint-Pierre-le-Jeune, por exemplo.

Em todas essas igrejas há concertos de Natal, durante a tarde e à noite... o difícil é mesmo escolher...  hoje, concerto de órgão em Saint-Pierre-le-Vieux, amanhã Gospel na igreja protestante de St-Thomas, foram as nossas escolhas.

Nas cabanas tudo o que se vende diz respeito ao Natal e à Alsácia, tudo para enfeitar a quadra, e as coisas que lá se vendem, são tão insignificantes em valor que não poderemos falar em consumismo... também os concertos são quase todos gratuitos.

Engraçado, reparei hoje que não há altifalantes a debitarem canções de Natal e que a música que ouvimos vem só de quem a toca ao vivo no passeio... por isso, apesar das multidões, há uma certa serenidade no ar!

Parece-me um Natal genuíno, pelo menos nestes dias que aqui estamos. Não sei porém como será quando a data se aproximar...

Esta manhã a temperatura era de -1º, temperatura de Inverno, se bem que alguma natureza continue a afirmar que é Outono

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Faz parte do ritual natalício ir ao Marché de Noël comer e beber: comer uma “wurst” e beber um “glühwein” ou uma seja uma “sausage”” e um “vin chaud”.

Estrasburgo, que já andou entre cá e lá tem disso outras reminiscências e não só nestas “iguarias”natalícias. Muitas ementas de restaurantes e mesmo muitas placas de rua sustentam ainda o nome nas duas línguas.

Nós, mesmo não sendo nativos destes lugares, não fugimos à tradição... Agasalhados como convém, lá fomos fazer parte de uma multidão que em pé, enrolada em cachecóis, de gorro e luvas aquece as mãos e a alma com um copo de, neste caso, “vin chaud”!

Nesta altura, as multidões que por aqui passam, com toda a certeza que não se lembram que é aqui o “Coração da Europa”. “Coração” não só geográfico, já que Estrasburgo está praticamente equidistante das fronteiras Norte, Este e Oeste da Europa mas também político, dado que nela se localizam as principais instâncias europeias.

Nesta altura a cidade transforma-se num imenso Mercado de Natal com ruas engalanadas, músicas natalícias vindas de  todo o lado, saindo aqui de um violino, além de um trompete ou de um clarinete...

As gentes: novos, velhos, jovens, mães e pais puxando, ás vezes a todo o custo, crianças fascinadas por todo um mundo de magia: ursinhos, renas, balões, guloseimas, em centenas de cabanas alinhadas, enchem as ruas e as praças. Mas, e como é comum dizer-se, “há sempre um mas” pois para se entrar na “ilha”,  que é assim que se designa esta área antiga, património da Humanidade, há que abrires a tua mochila, a tua carteira, mesmo a mala d viagem, para a polícia a inspecionar!

E neste ambiente que relacionamos com paz, polícias sempre em grupos de três e armados de metralhadoras, percorrem as ruas principais...

A primeira sensação foi de desagrado, de receio mesmo, mas logo a seguir o mar de luzes fez-me esquecer porque ali estão e o mesmo deve acontecer com os milhares de pessoas que enchem as ruas!

Ontem as previsões meteorológicas previam neve para hoje e realmente de manhã nevava mas de uma forma tão pouco densa que me desiludiu.  

Claro que fui logo levada a fazer comparações com a queda de neve em Montreal que em cinco minutos deixava tudo coberto por uma espessa camada! Durante a manhã intensificou-se mas nada que permitisse deixar os telhados e muito menos as ruas brancas... aos poucos foi diminuindo e a temperatura desceu para -3º, ao fim da tarde o céu ficou limpo.

Amanhã prometem sol, bom para quem a neve não extasia!