O GRANDE MAPA DO MUNDO...
Os “périplos” entraram na nossa rotina quando nos encontramos em Lisboa. Conforme se vão somando mais felicidade nos trazem: as duas deambulando pela cidade com a conversa a ser como as cerejas, numa perfeita amizade que começou com uma relação professora-aluna, aqui há muitos anos...
Desta vez não foi um simples deambular ao acaso como já aconteceu, não, desta vez saiu da carteira da Professora que agora o é, um mapa... logo o nosso périplo ia ter uma rota pré-estabelecida que nos iria ocupar toda a manhã...
Aqui está ele, reparem no título (todo o mapa obrigatoriamente tem que ter um título!)
O GRANDE MAPA DO MUNDO
Título enganador? Não, porque aqui está mesmo o mundo! Sim pode parecer exagero mas não o é pois, percorrendo as ruas sem pressa, olhando as fachadas, as varandas e os seus estendais, olhando o que se alinha nos passeios, espreitando dentro, mirando as montras, olhando os transeuntes... concluímos que realmente aquilo não é um mundo, mas é “O” mundo!
E porque insisto que aquilo é “O”mundo? Pelas suas gentes, pela forma como se vestem, pela língua que falam, pela cor da sua pele... e não se pense que só a cor acastanhada e os olhos negros o habita, não, a pele branca e os olhos claros também lá estão num qualquer AL... embora de passagem, de mochila às costas e no passo apressado de quem tudo quer ver no pouco tempo que tem!
Como duas professoras, uma que foi e outra que é, a nossa observação foi forçosamente diferente de quem o visita pelo típico, pelo colorido... e assim de “cabeça no ar” e refletindo sobre certos pormenores, fomos constatando que o título do mapa que nos guiava era a mensagem certa para quem percorresse aquelas ruas sinuosas, que ora sobem ora descem a encosta...
Observemos na fotografia que se segue e a roupa estendida nas três varandas:
roupas de “três mundos”, no primeiro andar os saris indianos, no segundo roupa de alguém autóctone e no terceiro parece adivinhar-se origem africana.
Depois veem os chineses, não as lojas dos chineses que nos vendem a nós quinquilharia, mas a loja do chinês para chinês ao estilo de mini-mercado de bairro... na porta seguinte a imobiliária franchisada com promotores chineses, não deixa enganar da importância atual desta comunidade.
Numa rua mais além está o Nepal e o mundo tibetano, logo a seguir um Mimi-mercado do Bangladesh... e o Cabeleireiro que embora se anuncie de Paris não deixa enganar a quem serve!
Ao fundo da Rua do Benformoso vendem-se capulanas e os alfaiates atendem os clientes da terra longínqua...
As duas mesquitas que o Grande Mapa do Mundo assinala, não estão visíveis, um vizinho a que nos dirigimos pergunta-nos se vínhamos para o culto(!!). Não reparou certamente nos caracóis soltos e livres de uma de nós... ficámos a saber que só abre a certas horas!
Demos ainda conta da agência de viagens Malik que leva peregrinos a Meca (Haj Umra significa peregrinação em árabe) e um “talho halal” que só vende carne abatida de acordo com os preceitos do islão.
Deparamo-nos também com um “placard” de anúncios temporários, em chinês e por ele só ficamos a saber que o que quer se anunciasse era 5*****!
Por fim (só porque o post já vai longo) sentado num banco, um Sikh no seu turbante laranja, cofiando a barba já branca tomava conta das caixas da fruta, numa loja onde quase tudo se vendia...
Rua a rua um infindar de cores, de cheiros e de gentes...é assim a Mouraria, pertencendo a todos um pouco!