Chá de tília
Passava eu apressada pois mesmo àquela hora da manhã já o sol se prometia inclemente quando, um perfume me seguiu mais além do tronco da árvore da qual eu não tinha dado conta. Parei e obviamente reconheci o cheiro e a árvore, era uma tília!
As tílias são árvores da minha infância, como podia eu não reconhecer o perfume?
Na rua da minha avó havia várias, frondosas, alinhadas ao longo do passeio. Uma delas era tão grande que passava para lá do primeiro andar e só não entrava dentro de casa porque lhe iam cortando a pontas dos ramos!
Por esta altura era vê-la florida e atrevidamente roçar a janela... Com supervisão era-nos permitido colher algumas flores, sempre num jogo do gato e do rato com as abelhas!
Para nós eram momentos excitantes e das duas ou três mãos cheias de flores exigíamos sempre um chá, ao que a minha avó sempre acedia.
Um dia a modernidade chegou e de forma inclemente as tílias foram cortadas para “alargar”a rua... no seu lugar plantaram não sei o quê, só sei que estando lá há uma década continuam raquíticas e sem perfume, claro está!
Esta tília é ainda muito novinha...
... mas está cheia de flores... logo de perfume!