... guarda chuva aberto e o dela também. Como os nossos percursos se cruzavam e o guarda chuva lhe protegia o rosto do vento, ainda o “cache-col” e o gorro que usava, não me permitiriam reconhecê-la... ela a mim sim. Quando ouvi o meu nome parei e ela de chofre perguntou-me simplesmente: posso dar-lhe notícias da Teresa?
De imediato reconheci a D. Marília, mãe da Teresa, a Teresa Manso, que, com orgulho me disse que a filha era investigadora na Universidade de Aveiro, que há tempos tinham falado em mim e que, como me viu, resolveu falar-me! De repente desci a “memory lane” e “vi” a Teresa sentada na nossa sala, nessa altura a 2, e que ela ainda descreve.
Pedi-lhe o e-mail da Teresa, ela pediu desculpa dizendo que não se entendia muito bem com estas tecnologia e comprometeu-se a mandar-lhe o meu número de telemóvel e falar-lhe do nosso encontro.
Três ou quatro dias depois chegou um SMS da Teresa com o seu endereço electrónico!
Um resumo do que comigo se passou, entre esses longínquos anos e os dias de hoje seguiu para ela e a resposta não se fez esperar!
Querida professora
Foi com gosto que recebi as suas notícias. Fico especialmente feliz por perceber, nas suas doces palavras, que a vida tem sido generosa consigo e com os seus.
Eu lá fui tendo o meu percurso, e tal como a grande maioria de nós, não fiquei por aí. Não deixo de o lamentar, pois cada vez que vou ao meu Alentejo, tenho um sentimento misto, entre a tristeza de ver a cada visita mais uma loja fechada e mais um prédio em degradação, e a alegria de voltar a um lugar onde consigo ouvir-me, colocar ordem nas ideias... Muitos se riem de mim, quando digo que o Alentejo não cheira igual e que o céu é único, mas não acreditam. Aqui entre nós, ainda bem!...
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Lembro-me bem do meu tempo de liceu, do bloco A, da sala 2 em frente ao anfiteatro, do meu lugar com vista privilegiada para o pátio interior.
Passados estes anos, recordo com carinho muitos dos meus Professores, entre os quais a Professora...
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Tirei Engª Agronómica e segui para doutoramento no ramo de Biotecnologia. Durante e após o doutoramento (apenas possível com bolsa que agradeço ao Estado) tive a oportunidade de trabalhar com excelentes grupos de investigação. Depois de entregar a tese, ainda estive algum tempo para defender, pois tive que aguardar a publicação de uma patente.
Através de prémios e bolsas estive em Espanha, Suécia, Uruguay...
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Terei muito gosto em revê-la. Quando aí for, com um pouco mais de tempo, avisarei. Pode ser que esteja por lá e que tenhamos oportunidade de almoçar
Um beijo terno
A sua aluna, Teresa Manso
No e-mail vinha um site e nele a Teresa na sua actividade de investigação... tenho que confessar que se fosse ela a passar por mim não a teria reconhecido... afinal já lá devem ir uns 25 anos!