O que lia ele?
Não, não era o "Velho que lia romances de Amor" de Luís Sepulveda e também o romance não era de amor!
Encostado na lateral de um quiosque da Avenida da Liberdade aí estava absorto, num livro já quase lido… baixei-me e deixei-lhe uma moeda “branca” na lata que tinha em frente. Agradeceu-me… tive então a coragem de lhe perguntar o que lia, virou o livro: “A cidade dos Espiões” e tirando de um saco plástico, mais dois sobre o assunto, diz-me, gosto de ler livros de espionagem e este passa-se em Lisboa no tempo da Guerra, acrescenta. Sempre gostei de ler, diz-me, mas só tenho a 4.ª classe!
Penso que teria uns 60 e tal anos, ou talvez fosse a roupa suja, a tês escura, a falta de dentes… que lha dessem!
Continuei avenida a baixo e ele lá ficou aproveitando o sol morno de Lisboa, lendo livros de espiões onde provavelmente o amor também estaria presente!