No Areeiro e por aí...

Aqui ninguém atravessa a rua sem o sinal verde para peões aparecer! Pode chover e não vir de lá nenhum carro, pode fazer calor ardente e a sombra estar exatamente no passeio oposto, mas ninguém atravessa…

Evidentemente que eu que às vezes, na nossa terra, prevarico mas já mais o faço na terra dos outros.

Assim sendo mesmo que por dois ou três minutos dá-me tempo para apreciar os bonecos dos semáforos pois na realidade (embora nem sempre) diferem de uns sítios para os outros.

Estes que se seguem, já os tinha visto em Berlim e agora voltei a vê-los em Viena.

Em resumo: atravessar a rua em segurança e com “Amor”!

Quando pensamos na Áustria  pensamos nas altas montanhas de cumes brancos, de encostas de prados verdes e de floresta, mas a realidade não é bem assim pois há vastas áreas planas e cultivadas. O que também é interessante do ponto de vista morfológico é que se passa de uma morfologia para a outra de forma abrupta: a planura e logo ali as paredes ingremes das montanhas. Estes desníveis de várias centenas de metros, são galgados por um sem número teleféricos que se no inverno vão carregados de skis, no verão levam as mochilas e "batons" daqueles que se deleitam com grandes caminhadas na  natureza... uma natureza no seu estado puro! Outros  como nós vêm só para admirar os cumes brancos que se estendem a perder de vista!

O dia estava de sol, o céu azul e por isso decidimos subir... a meio da ascensão (certamente desagradável para quem sofre de vertigens), a neve começou a aparecer, a 1.ªneve do ano que caiu nos dias anteriores, nos mesmos dias que choveu na planura e a meia encosta!

Senti-me grata por o sol ter aparecido e termos tido a possibilidade de subir aos 1756m do Untersberg!

É cenário de muitos filmes mais ou menos românticos, mas na realidade só uma muito pequena parte da cidade tem esse cariz que, juntamente com os Alpes que a rodeiam lhe trazem muitos visitantes.

Na realidade não tem edifícios imponentes, se excluirmos o Castelo e o Mirabelle Palace! Tem sim muitas igrejas todas elas com os típicos campanários encimados por cúpulas esverdeadas.

As praças que existem são pequenas e nesta altura todas ocupadas com as  mesas das “beer fest”, carrosséis, rodas mas pouco gigantes, barracas de artesanato e tudo o que é comum nestas circunstâncias! Obviamente estas atividades (embora compreendendo a necessidade delas) tiram beleza aos espaços que as acolhem!

Mas fica aqui fica uma rua realmente bonita, Getreidegasse e que no caso foi onde Mozart nasceu, no 3° andar do nº9, isto há quase 300 anos!!

  … todas elas anichadas entre o lago e a montanha onde as casas contrariando a gravidade se mantém alpenduradas nas  vertentes quase a pique! Nestas circunstâncias sempre me pergunto como os habitantes e aquilo de que necessitam lá chega!

Vivem do turismo de verão e do turismo de inverno e mesmo quando os chapéus de chuva ainda não deram lugar aos skis torna-se sempre um desafio encontrar um lugar de estacionamento!

Aqui ficam as janelas e varandas floridas como é costume nestes sítios:

Viena relembra os seus, que fizeram história, numa estatuária distribuída por praças e jardins: músicos, escritores, políticos, outras mitológicas… umas mais grandiosas do que outras, mas é-me impossível lembrar o nome e os pormenores de cada um. Retive no entanto que uma delas era da imperatriz Maria Teresa e que dizem ter 17 toneladas de bronze e  20m de altura!!

Algumas são realmente belas…

Sempre que visito uma grande cidade, os parques e os jardins estão sempre no meu roteiro e se houver um Jardim Botânico eu estarei lá! Porém diga-se, em abono da verdade que quem viu parques e jardins ingleses só vai encontrar defeitos nos outros. É este o meu caso!

Segundo o guia, Viena é a cidade com mais área dedicada ao “verde”, mesmo muito mais  do que à habitação! Exceptuando os que estão quase no perímetro da cidade, passei por alguns, incluindo os dos palácios Schönbrunn, Belvedere e Jardim Botânico. Neste último foi-nos cobrada entrada, que só a não dou por mal empregue porque me mostrou que por

estes lados também nem sempre as coisas são prefeitas, bem tratadas, irrepreensíveis...

 Exemplo da negação de tudo isto é o Jardim Botânico que mesmo pertencendo à Universidade de Viena estava verdadeiramente miserável.

Prova disto nas fotografias que se seguem:

Em Viena segundo apurei 1/3 das habitações pertencem à Câmara local sendo portanto de habitação social. Isso acontece porque desde a queda dos Habsburg (1918) e a posse de um governo socialista que são construídos regularmente bairros com essa função. 

Nos anos 80, um dos projetos foi dado ao arquiteto Hundertwasser que projectou um edifício de 50 apartamentos e todos diferentes! Segundo a sua linha arquitectónica os  apartamentos foram projetados à semelhança da Natureza onde “nada é cinzento, nem nada é em linha reta”!

Desta noção nasceu há quase 40 anos,o conjunto denominado de Hundertwasserhaus, na altura estranho conjunto onde não há uma janela igual a cada uma das outras e onde também, quer por dentro quer por fora as paredes são onduladas fugindo assim  ao que a natureza não existe -  linhas retas!

Infelizmente por falta de manutenção, numa rua estreita e húmida, o edifício perdeu o encanto das casas dos contos de fadas que o arquiteto lhe queria dar e que na altura da sua inauguração a elas se parecia!

https://www.visitingvienna.com/sights/hundertwasserhaus/

O que eu consegui com o pouco ângulo que existe e o meu telemóvel:

Quando das nossas anteriores viagens eu costumava fazer um post por dia, porém desta vez resolvi deixar-me dessa imposição e estarei aqui quando o dia tiver sido menos árduo e eu achar que vale a pena.

Viena é uma cidade com um enorme património, património que lhe veio do tempo dos Habsburg, que a ll Guerra Mundial destruiu e que os austríacos souberam reconstruir nos mesmos moldes de beleza… é isso pois  que nos é dado admirar!

Assim sendo vaguear é a melhor maneira de apreciar todo o romantismo de dinastias de imperadores e imperatrize, que os austríacos republicanos souberam de novo trazer à luz.

Claro que os museus também são importantes, mas para os visitar e VER, com olhos de ver, não são suficientes os quatro dias que aqui estivemos.

Quero também aqui dizer que não entrei, tal como das outras duas vezes que cá estivemos,  no Schönbrunn Schloss nem no Belveder (como nunca fui a Versalhes) isto porque associo sempre aqueles luxos que as imagens nos mostram a trabalhos “escravos”!

Perdi o interesse por aqui vir… quando penso em regressar parece que não tenho nada para dizer! Também quando por aqui volto raramente encontro uma palavra de conforto, uma palavra que me incentive a continuar… quem regularmente o fazia já cá não está, portanto não faço por aqui falta! 

O blog há-de ir desaparecendo aos poucos  e um dia anunciarei que acabou mesmo, pois não quero que acabe no dia que eu tenha morrido! Entretanto venho por aqui aos soluços!

Hoje estamos a poucas horas de voar para Viena e onde vai o entusiasmo de antigamente? Por isso se alguém novo me lê, sigam o meu conselho, POR FAVOR VIAGEM, VIAGEM sempre que puderem, mesmo que para isso tenham que definir prioridades!!