M.A.A. a 16 de Setembro de 2012 às 18:34
Pois essa história também a ouvi ao meu pai e posso quase jurar que o carro era um Opel , carrinha, cor de laranja e tejadilho branco...Aliás , todos os rapazes do tempo dos nossos pais , aprenderam a conduzir num Austin Santola , que era do meu avô , nunca este tendo tirado a carta....A propósito das 7 saias das mulheres da Nazaré , não queres saber que ainda não há 2 meses que estive em Fátima e vi lá duas assim trajadas ?!...Seria promessa ? Não sei , mas fiquei muito admirada.
M.A.A.
Kátia a 20 de Setembro de 2012 às 01:09
Tenho uma fotografia nesse sítio, a diferença é que só ouvi contar a lenda o ano passado por uma amiga que me mostrou o sítio e a maravilhosa vista. Se há coisa que Portugal tem com fartura são lendas, mas há qualquer coisa que dignifica e nos crava na memória as paisagens sempre que a ela há associado algo de fantástico.
Uma lenda não é uma invenção arbitrária mas sim uma deformação ou uma ampliação da realidade Jorge Luis Borges
Conta a Lenda da Nazaré que ao nascer do dia 14 de Setembro, de 1182, D. Fuas Roupinho, alcaide de Porto de Mós, caçava nas suas terras junto ao litoral quando avistou um veado que de imediato começou a perseguir. De súbito, surgiu um denso nevoeiro que se levantava do mar. O veado dirigiu-se para o cimo de uma falésia. D. Fuas, no meio do nevoeiro, isolou-se dos seus companheiros. Quando se deu conta de estar no topo da falésia, à beira do precipício, em perigo de morte, reconheceu o local. Estava mesmo ao lado de uma gruta na qual se venerava uma imagem de Nossa Senhora com o Menino. Rogou então: Senhora, Valei-me!. Imediata e milagrosamente o cavalo estacou, fincando as patas no bico rochoso suspenso sobre o vazio, o Bico do Milagre, salvando-se assim o cavaleiro e a sua montada da morte certa que adviria de uma queda de mais de cem metros.
D. Fuas apeou-se e desceu à gruta para rezar e agradecer o milagre. De seguida mandou os seus companheiros chamar pedreiros para construirem sobre a gruta, em memória do milagre, uma pequena capela, a Capela da Memória, para ali ser exposta à veneração dos fiéis a milagrosa imagem. Antes de entaiparem a gruta os pedreiros desfizeram o altar ali existente, onde entre as pedras encontraram um cofre em marfim contendo algumas relíquias e um pergaminho, no qual se identificavam as relíquias como sendo de S. Brás e de S. Bartolomeu e se relatava a história da pequena imagem esculpida em madeira, representando uma Virgem Negra, sentada a amamentar o Menino Jesus.
Quando a notícia da derrota chegou a Mérida, os monges de Cauliniana prepararam-se para abandonar o mosteiro. Entretanto D. Rodrigo, o rei cristão derrotado, conseguira escapar do campo de batalha e disfarçado de mendigo refugiara-se incógnito no mosteiro. Porém ao confessar-se a um dos monges, frei Romano, teve de dizer quem era. O monge propôs-lhe então fugirem juntos para o litoral atlântico e levarem consigo a imagem de Nossa Senhora da Nazaré, uma antiga e sagrada imagem de Maria que se venerava em Cauliniana. A 22 de Novembro de 711 chegaram ao seu destino. Instalaram-se no cume do Monte de São Bartolomeu num eremitério vazio que lá existia e ali permaneceram juntos algum tempo. Decidiram então viver sós, como eremitas. O frei levou consigo a sagrada imagem e instalou-se numa pequena gruta, sobre o mar, a 3 km do Monte onde o rei continuou a viver. Passado um ano, frei Romano morreu e D. Rodrigo, antes de abandonar a região, sepultou-o no solo da gruta, onde deixou a sagrada imagem, sobre o altar onde permaneceu até 1182 quando foi mudada para a capela que D. Fuas mandou construir sobre a gruta, após o milagre. A imagem permanece pois, desde 711-712, no mesmo sítio, o Sítio da Nazaré.
A popularidade desta devoção, à época dos Descobrimentos portugueses, era tamanha entre as gentes do mar, que tanto Vasco da Gama, antes e depois da sua primeira viagem à Índia, quanto Pedro Álvares Cabral, que viria a descobrir o Brasil, vieram em peregrinação à Senhora de Nazaré.
Segundo a tradição oral, a imagem Mariana terá sido esculpida por São José carpinteiro em Nazaré, na Galileia, quando Jesus era ainda um bébé de mama. Algumas décadas depois São Lucas evangelista te-la-á pintado. Conservou-se em Nazaré até ser oferecida a São Jerónimo de Strídon, que a ofereceu a Santo Agostinho bispo de Hipona no norte de África, que por sua vez a ofereceu ao mosteiro de Cauliniana, perto de Mérida. Assim sendo poderá ser a mais antiga imagem venerada por cristãos.
Até hoje, a tradição aponta aos visitantes a marca deixada por uma das patas do cavalo de D. Fuas, no extremo do Bico do Milagre, ao lado da Capela da Memória.