No Areeiro e por aí...

Em Lisboa estavam 36º , deixamos Cortina com cinco, demasiado para um corpo que detesta o calor!

Para trás ficaram as amigas: a Mónica e a Luísa Antonelli, amigas de verdade mesmo que à distância... ficou também a Udine que eu amo e onde gostaria de ir mais vezes...

Os italianos continuam na mesma, isto no que se refere ao respeito pelos peões,  continuando a não parar nas passadeiras... verdade, verdadinha até aceleram fingindo que não nos vêem o à beira delas!

Algo que também desconhecem é que um traço contínuo é sinónimo de não ultrapassar, o que faz deles um perigo permanente nas estradas!

Numa coisa estão mais civilizados, hoje o avião vinha cheiro deles e já  não bateram palmas quando o avião aterrou!

Como estará o meu Areeiro com esta onda de calor?

Há muitos milhões de anos, diz-se que uns 280 milhões, do mar quente que não era o Mediterrâneo, se elevaram  por compressão dos seus fundos sedimentares, as Dolomites no conjunto que são os Alpes... As chamadas Dolomites (Património Natural da Humanidade) são montanhas de  “paredes” quase  verticais que assim o são pela dureza da rocha que as forma, a dolomite, rocha  de difícil erosão... Pesem os milhões de anos que por elas já passaram os seus cumes continuam aguçados!

As altitudes dos picos de ar agreste vão em alguns casos para cima dos três mil metros e que nesta altura, quase Junho, estão cobertos de neve... nalguns pontos as neves serão perpétuas (pelo menos por agora!)

Os vales entre as montanhas estão ora cobertos de floresta ora tomam o aspeto de relvados bem cuidados... as estradas zigzagueiam entre os seu fundos e as vertentes mais ou menos íngremes numa imensidão de curvas e contracurvas, muitas vezes só vencidas á custa de uma 1ª ou 2ª velocidade!

Apenas a 50km para norte de Udine, começa essa outra Itália. A Itália mediterrânea fica para trás e logo o traçado da estrada nos diz que a Itália alpina começa ali.

150 km nos separam de Cortina d’Ampezzo, que bem no coração da montanha é nesta altura um oásis de tranquilidade.

Verdadeiramente falando Cortina d’Ampezzo só tem duas “estações”, a dos “skis” e a dos “randonneé”, isto é o Inverno e o Verão! Neste momento as actividades de Cortina, estão fechadas para manutenção ou para férias se assim o quisermos dizer!  A maioria dos restaurantes está fechada, com avisos de abertura só para depois de 15 de Junho, outras fecham durante duas ou três horas ao almoço, outras ainda fecham ao domingo e à 2º, o mesmo acontece com as gasolineiras que fazem duas horas de almoço... mas pior do que tudo isso, os dois grandes teleféricos, que partem de dentro da cidade e atingem os dois mil e tal metros dos cumes que a rodeiam, estão fechados!!

Ora se há coisa que eu gosto, mesmo com um pequeno receio de atravessar o vazio, é atingir os pontos altos das montanhas, sentir o silêncio e a vastidão do que me rodeia... portanto foi a desilusão!

Porém há a cidade, cidade que não desmente que está em território tirolês mesmo que falando  italiano!

As casas e a sua decoração é em tudo igual ao que vemos no Tirol: a arquitetura, as pinturas bucólicas nas paredes dos edifícios, as varandas de madeira, os sinos que ainda tocam, as encostas verdes que rodeiam o vale, a torrente que corre com a sua cor leitosa e de um verde suave...

Tudo isto faz dela um lugar de paz!

I

Sábado de manhã, há pouca gente nas ruas e na Piazza, afinal ainda não são as 9 horas da manhã...

Desde sempre deve ter sido um lugar importante na cidade, a ver pelos imensos restos de frescos pintados nas fachadas e que, em qualquer remodelação, são cuidadosamente preservados. Na praça está também a Igreja de S. Giacomelli onde os sinos ainda tocam, como acaba de acontecer...

Sentarmo-nos numa esplanada e ver, ver apenas quem aos poucos chega, a florista que acaba de por as flores no passeio, famílias que chegam com ascrianças apenas para correrem na praça, é algo que adoro e lá poderia ficar toda a manhã...

Talvez, por ter passado por ela quase todos os dias durante um ano ou talvez pelo espírito que lhe é inerente a Piazza Matteotti tem algo de diferente e que por isso a torna única para mim!

 

Os frescos preservados...

 

 

 

Udine é uma cidade romântica... praticamente destruída pelo terramoto que sofreu em 1976 é hoje uma cidade linda! A reconstrução, mantendo as características da cidade, demorou dez anos: as ruas mantiveram o traçado, algumas tortuosas, os palácios que eram muitos, foram recuperados.

Udine é mesmo o protótipo da típica cidade italiana, as ruas, as praças com galerias de arcadas, que os protegem dos verões inclementes; cores ocres e as casa com venezianas completam o aspeto tão característico.

Entre as casa comuns aparecem os palácios de estilo renascentista e mesmo no coração da cidade antiga a Loggia del Lionello, em mármore rosa no maravilhoso estilo veneziano renascentista contribuem para todo o seu charme!

No interior o trânsito é muito condicionado e deambular pelas ruas, de cabeça absolutamente no ar, é para mim um privilégio...

E as ruas tortuosas...

E os palácios...

Álamo é uma empresa “rent a car” comum nos aeroportos, tal como a Avis a Six’s e outras... como todas, são “franchising”, o que quer dizer que o serviço aqui pode ser diferente do de acolá e isso verificámo-lo hoje!

E assim foi, em Miami, chegámos ao balcão, apresentámos marcação que já trazíamos, fizemos o seguro e disseram-nos: vão até à fila X e dos que lá estão escolham o que quiserem, a chave está na ignição! Um quarto de hora depois rolávamos na estrada em direção a Hollywood beach!

Hoje no aeroporto de Veneza, foi quase um pesadelo, pois no mesmo corredor de há muitos anos,  novas companhias apareceram e os turistas, viajantes, homens e mulheres de negócios aumentaram de forma exponencial, logo a confusão é total!

No balcão da Álamo havia quatro funcionárias, muito calmas, sem pressas... que lhes importaria a pressa dos que ali estavam, sem fila formada, atropelando-se entre eles e as malas? Só hora e meia depois estavam a dar-nos a chave... valeu-nos a paciência de quem já sabe que não há nada a fazer...

Perguntarão, porque escolheram a a Álamo?  Porque é sempre a que escolhemos na América e nunca a tínhamos escolhido na Europa!

Lição aprendida

Udine esperava-nos na sua tranquilidade.

Os telhados de Udine e um dos seus típicos “jardins no telhado”