Aqui no canto da minha saleta (aquela à qual a carpete cor de vinho voltou) eis-me de mão encostada ao queixo olhando pela janela sem imaginação para um post... Na realidade, depois de se ter um blog e saber que temos alguns leitores, parece que se torna obrigação aqui virmos escrever, mais que não seja para não os desiludirmos ao encontrarem o post anterior, que já leram! Mas, eis que o assunto apareceu, tal como a Susana uma vez me disse, acaba sempre por aparecer!.
Estava então eu mirando a janela quando olhei mais uma vez para a “Laurindinha” encostada ao palhaço e então decidi que escreveria sobre esta, e uma outra com o mesmo nome. Aliás, o nome desta é uma homenagem à primeira…
A Laurindinha foi a primeira boneca que me lembra ter tido. Deveria ter eu uns três anos, pois diz quem sabe, que só a partir dessa idade se tem memória dos acontecimentos!
Foi a minha tia Teresinha que ma deu, lembra-me de ouvir dizer que ma trouxe de Caldelas, onde ela costumava fazer termas. A boneca era de pano, tinha trancinhas castanhas, olhos e boca pintados, quanto ao vestido não faço já a mais pequena ideia. Como o material pano é perecível, e aliado a alguns menos bons tratos, ela desapareceu…
Não me lembra como me veio à ideia mas um dia lembrei-me de pedir à minha mãe, para me fazer uma nova “ Laurindinha”! Esta está ali, no parapeito da janela por cima de uns dicionários e uns livros já há muito tempo. Claro que já foi várias muitas vezes reciclada! O cabelo já foi castanho, preto, agora é ruivo…os vestidos também se vão renovando pois, o sol alentejano mesmo por trás da vidraça vai-lhe comendo a cor…Os olhos, esses já têm um desenho mais moderno, mas à mesma pintados, hoje são azuis mas também já foram verdes!
Continuo a gostar dela e não é com muito bons olhos que vejo os meus netos ou netas pegarem-lhe pelas pernas sem amor algum…
