A velha Manchester está a desaparecer…
Quando descíamos sobre Manchester, o piloto informa: à chegada teremos 14ºC, céu muito nublado...
Nada de espantar e não fosse ela (a chuva), os campos ondulados parecer-se-iam com os do Alentejo!
Diderot, filósofo francês (1713-1784) apaixonado também por viagens, alguma vez disse e cito-o: já lá estava antes de ter chegado e ainda lá fiquei depois de ter partido.
Que melhor para descrevermos o gosto que nos deixou uma viagem que planeamos desde longa data e que nos maravilhou? Só mesmo um filósofo poderia por nestes termos o que hoje podemos fazer com Google Earth! Porém antes desta fantástica ferramenta, desde sempre os roteiros de viagem foram o suporte de muitas viagens. Para nós, o eleito foi desde sempre o Guia Verde Michelim do qual eu tenho uma boa colecção, alguns já em duplicado pois, como é evidente, vão-se desatualizando e de vez em quando há que compra-los de novo.
Mas que tem isto a ver com o James Prescott Joule ? Penso que muitos dos que me lêem se lembram de ter ouvido falar dele na disciplina de Fisico-Quimicas uma vez que o seu nome foi dado à unidade de medida da energia já depois da sua morte. Podem saber mais no link que envio.
Mais uma vez, porque falo eu dele e que tem isso a ver com a célebre frase de Diderot que a cima transcrevi? Exactamente o facto de eu em Manchester ter visto no City Hall uma estátua que o retrata numa postura pensativa e em chinelos de quarto!!! Talvez se a placa informativa sobre a sua pessoa não referisse este pormenor, eu nem tivesse dado por isso... Já aqui no Areeiro me lembrei que tinha prometido falar dele e foi também na mesma altura que me lembrei da célebre frase do filósofo francês!
A viagem acabou precisamente no sítio que pela primeira vez pisei solo britânico, mas como já disse, apenas por uma escala forçada pelo smog londrino. Portanto o que dela vi então foi apenas o aeroporto. Agora não, ficamos um dia inteirinho na cidade que durante mais de meio século foi chamada (assim o aprendi nas aulas de Geografia) como a “capital do algodão”.
Reminiscências desses tempos de riqueza lá estão belos edifícios de cor de tijolo ou de calcário e nos museus as portentosas máquinas que faziam mover os teares mecânicos… Hoje o antigo mistura-se, e sem desprazer nosso, com o moderno.!
Se bem que apenas lá tivessemos estado um dia deu-me a sensação de uma cidades simpática e tranquila onde o transito é minimizado pelo facto de haver três linhas de autocarros, a verde, a laranja e a lilás, que circulam permanentemente entre as três estações ferroviárias e que são gratuitas, além duas linhas tramways (um metro de superfície, diremos)! As ruas são muito largas, isto mesmo no centro da cidade tal como a principal praça onde está a City Hall (para nós a Câmara Municipal). Falando de estações ferroviárias, deixo aqui a curiosidade de que foi Manchester o primeira cidade do mundo a ter uma estação só para passageiros, que evidentemente está desactivada e que hoje faz parte do edifício do Museu da Ciência.
Sabem quem encontrei lá, o Joule e dele falarei no próximo post.
Primeira estação de passageiros em todo o mundo
Exactamente há 43 anos num dia qualquer de Agosto, eu e a minha irmã por força do nevoeiro aterramos em Manchester, quando o nosso destino era Londres! Nesse já longínquo ano de 1968 eu e ela tínhamos planeado um outro destino para uma semana de férias que seria presente dos nossos pais. O destino eleito era Paris, mas como se deu o “Maio de 68” eles imediatamente o vetaram a estas duas iniciadas em viagens por sua conta e risco! Acho mesmo que eles nem se aperceberam de que, embora a viagem, o hotel e o transfer fossem tratados pela Wagon Lit, nós íamos mesmo, era sós!
Por causa do nevoeiro que se fazia sentir em Londres, e nessa altura a tecnologia nada tinha a ver com a de hoje, lá tivemos que aterrar em Manchester para mais tarde voltarmos a levantar voo até ao nosso verdadeiro destino… Desse episódio a única coisa de que me lembro é de um fantástico candelabro que iluminava a vasta sala onde esperámos. Talvez a minha irmã se lembre de outros pormenores…
Desta vez, nós aterramos em Manchester porque o nosso destino nesta second life era o Yorkshire e o revisitar de lugares onde estivemos há 37 anos e onde mais tarde estivemos com os filhos: O Lake District e o North York Moors.
Diferenças algumas, mas não muitas pois a natureza selvagem destes sítios e a política de conservar o antigo assim o determinam para grande prazer de quem viaja por estes sítios!
p.s. os post não estão de acordo com a data exacta dos dias em que estivemos nos diversos lugares pois pelos hotéis destes sítios uma ligação à internet é a preços proibitivos, 5£/hora (+/- 7€) e eu demoro muito mais que uma hora mesmo para o post mais banal.