No Areeiro e por aí...

Como eu adoro esta cidade, apesar das contradições que nela encontro! Contradições que se põem em evidência quando comparamos o macro-cosmo que se materializa no seu “skyline” de arranha-céus que brilham como um amontoado de diamantes, com o micro-cosmos de algumas ruas onde franjas desta sociedade se arrastam de parede em parede... faces esfomeadas mostram que há muito que esta sociedade os despreza!

O Canadá é um país rico, os canadianos e os que dele fizeram pátria parecem pessoas de bem... mas para quem tem o dever e o poder, parece não ser assunto prioritário!

Eu, que não sou canadiana, acabo por fazer o que pelos vistos todos fazem, olho, lastimo... e passo em frente!

Numa esquina da Old Montreal, Rue Saint Paul, lá continuam elas!

Sempre que aqui venho visito-as e  paro para lhes admirar a expressão e fazer o exercício de imaginar a cena ao vivo: a primeira parece falar de si ou da sua opinião, a do meio parece ter um ar de pena, contrito, a terceira parece mostra um ar interessado sobre o que a vizinha diz!

 

 

Na realidade muitos diálogos se poderiam por na boca destas três rechonchudas mulheres dos tempos do Velho Porto!

 

 

 

“O poeta é um fingidor...” dizia FP, eu digo que este é um músico fingidor!

Como é vulgar, por todo o sítio turístico há sempre quem nos queira oferecer a sua arte a que a maior parte corresponde com umas moedas...

Hoje, Place d’Armes... os sons de um violoncelo fizeram-me parar e, por pouco apta que esteja, fazer este vídeo:

Já o vídeo estava feito mas eu e muitos outros continuávamos parados a ouvir. A certa altura um som arrascanhado (não encontro outro termo) substitue a música... por segundos continuou a “friquecionar”as cordas, mas delas nada saía! O músico não se atrapalha, põe o violoncelo de lado, levanta-se, arranja os fios que o ligam a um amplificador, de seguida recua, pega num tablet que está no chão, escolhe outra música e vá de recomeçar!! Reparo então no violino tinha um ar plástico brilhante... sei lá se também não era um “fake”violino!

Hoje em dia pouco do que parece é, e aquela música que parecia sair do violino do músico fingidor não o era portanto!

Ainda não conseguimos coordenar a hora biológica com a cronológica e o resultado é acordarmos antes das cinco e ás sete da tarde estarmos a morrer de sono!
Acontece que todas as manhãs acabamos por sair á hora que eu chamo “hora do padeiro”! As ruas são quase só para nós... depois vamos assistindo ao bulício que vai aumentandto...

Como a natureza não vai dormir, está lá logo para se deixar contemplar e é isso que queremos! Hoje, agora, 7:50 vamos para Vieux Port lugar onde Montreal nasceu há 375, nas margens do Saint Laurent...

A Catarina é uma “e-friend” que há alguns anos me encontrou ou que eu encontrei, já não sei! A Catarina vive algures no Canadá e no seu blog muitas vezes mostra-nos imagens da natureza que a rodeia. Não querendo concorrer com ela, deixo aqui as da natureza fulgurante que esta manhã me rodeou enquanto passeava no Mont-Royal...

Andar por aí era sim o planeado mas como descobrimos que o Metro tem um bilhete de fim de semana relativamente barato, isso veio condicionar  o nosso dia e os nossos passos... 

Qualquer Jardim Botânico tem quatro estações nítidas e  vi o de Montreal em todas elas! Agora  que está emerso no Outono não sei se não será a mais espetacular! Por mais adjetivos que haja e sejam sinónimo de belo não sei se serão suficientes para transmitir a ideia de beleza que a Fall lhe proporciona...

Está assim:

Estas viagens são longas, mas o desejo de voltar é sempre tão grande que até esqueço!

A “Fall” já se deixava ver de lá de cima...

Eu tenho uma paixão imensa por Montreal! Vivemos lá um pouco mais de um ano, num 20° andar com vista para o Rio Saint Laurent... lá passei uma primavera, um verão, um outono, um inverno e mais uma primavera! Vivi a cidade em pleno dada a minha condição de não ter já obrigações! Voltei lá de visita, umas duas vezes mas sempre por três ou quatro dias!

Agora vou lá para morar 10!

Podem perguntar a diferença, a diferença é que vou sem nenhuma agenda de visitas! Portanto morar significa levantar sem pressas, ir comprar o jornal, ir tomar o café de preferência ao Tim Hortons, deambular pelas ruas, ir ao supermercado, ir á Padaria Portugues comprar pastéis de bacalhau e queijadas dos Açores, ouvir falar português no Boulevard Saint Laurent... e sobretudo olhar as árvores no esplendor da Fall, tal como o fiz há oito anos a trás!

É isso que eu quero, morar!

Já atravessámos este bocado de Atlântico muitas vezes, mas nunca os outros. Porém o que desta vez tem de especial é que foi no dia dos nossos anos. Digo nossos porque em consequência da diferença de horas isso assim acontecerá.

Vamos a caminho de Montreal, "and to tell the truth, I' in love with her", o ano lá passado e com todo o tempo disponível fez-me conhecer todos os cantos, todos os parques, não sei se todas as estátuas semeadas pela cidade e tudo o que havia para ver... Nela conheci a Primavera em verde "alface", o Verão das trovoadas telúricas, o incrível Outono e o tudo branco do Inverno, nele ainda o "blizard" de trajetória polar, o rio Saint Laurent todo gelado...

Foi mesmo a melhor experiência da minha vida!

Nota : este post, só chegará ao "Areeiro e por aí..." amanhã, não que não fosse possível po-lo na Web daqui a 11000 e tal metros de altitude e no meio do Atlântico, já que a Lufthansa tem Wi-Fi a bordo!

Mas, francamente eu não tenho dinheiro para desperdiçar!

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NOUS SOMME ARRIVÉ À MONTREAL...

Depois de 11 horas pelos céus chegamos!

Três horas Lisboa-Munique, 3 horas entre vôos ( e que nem foram muitas, dada a imensidão do aeroporto) mais 8 Munique-Montreal.

Depois a Emigração, sempre o "ponto" alto da chegada! Desta vez as filas nem eram grandes, no guiché um jovem loiro e ar musculadoe, aqui fica o interrogatório a que nos submeteu: "where are you from?" (como se ele não tivesse os nossos passaportes debaixo do nariz!) " from Portugal" respondemos nós; não pareceu satisfeito e dado que os bilhetes foram emitidos em Munique apressamo-nos a explicar: " we flew from Lisbon to Munique and after that to Montreal!", " what are your Jobs?", continua ele, "we are retired!". Do you have familly in Canadá?" No, we don't. "why are you comming to Canadá?" We are on holliday", reflete uns segundos e de chofre pergunta " do you take wine with you, some Porto for example?! No, we don't!"

Tun...Tun, dois carimbos nos passaportes e ei-nos autorizados a entrar nesta terra de que tanto gosto e em que ainda posso andar sem um mapa nas mãos!

O 747 trouxe-nos quase à porta do hotel. Já era noite!

Se quiserem divertir-se com a 1ª vez que enfrentei a dita Emigração, aqui fica:

http://naterradosplatanos.blogs.sapo.pt/2010/04/15/> 

Estas papoilas devem ser "trangénicas", "hibridas" sei lá!

Não sei mesmo se estes são os termos certos para nomear estas transformações...que me perdoe a minha sobrinha Susana! Essa sim, deve saber a palavra certa que justifica estas diferenças com as que dão cor às bermas das nossas estradas.

Estas fotografias foram tiradas o ano passado em Montreal no jardim do Casino.