Terça-feira, 28.12.21

Sempre…

 

Sempre tive uma má relação com o Natal!! Se exceptuar os anos em que eu e a minha irmã estávamos na Faculdade, altura em que a ânsia e a alegria de voltar a casa, com a mala cheia de presentes, era incomensurável! Depois, conforme crescia em consciência social, a época de Natal tornou-se difícil…

 

Às vezes usamos os traumas (hipotéticos ou não) como desculpa para muita coisa, mas há os reais e esses explicam alguns dos nossos comportamentos…

Quando éramos miúdas, pelo Natal, o nosso pai levava-nos para dar o seu presente  à “tia” Benigna. A “tia” Benigna era uma velhinha, digo velhinha e não velhota, porque a primeira implica fragilidade a segunda, pesem os anos, implica ainda alguma robustez.

A “tia” Benigna vivia em Gimonde, e durante anos era ela que trazia à cidade, o carvão para as lareiras, num burro que era quase tão negro quanto o carvão que transportava… tal como o eram as mãos que puxavam os sacos.

 

A “tia” Benigna envelheceu, as idas à cidade foram rareando até que acabaram! Imagino que o meu pai, enquanto ela andou por ali, todos os Natais lhe daria o “cabaz” (açúcar, massa, um pouco de bacalhau …) já que nos anos seguintes fazia questão de ele lho levar onde ela morava e  questão fazia que o acompanhássemos...  assim no fim de semana anterior ao Natal, lá íamos nós até Gionde... não sei se ainda no Prefect (AF-12-97) se já no novo Opel Record, cuja matrícula  se me perdeu!

A casa era de pedra enegrecida pelo tempo, uma escada exterior levava a um único andar, também ele negro pelo fumo de uma lareira esquálida e de onde o pouco calor que dela emanava, era contrariado pelo ar frio que vinha  da única janela, com vidros já partidos!

Para mim, ainda miúda, era uma experiência difícil ficar ali como que num "quarto escuro" cheio de fumo, tomando a consciência que a minha idade permitia! Claro, saída dali e a “tia” Benigna esfumava-se das minhas preocupações até ao ano seguinte!

Não sei durante quantos Natais ocorreram estas visitas...  depois crescemos, saímos de casa e também a “tia” Benigna morreu!

Aquela pobreza e muitas outras que presenciei na minha infância, cimentaram-se se em mim e então fui-me questionando do porquê de tanta desigualdade!

Tenho a certeza que foram estas vivências de infância, e não as imagens do “lá longe “ que hoje a televisão nos traz, que são as responsáveis pelo meu trauma (por que o tenho), em relação à época natalícia.

Hoje ainda tenho vivo aquele quadro, tal como as meninas descalças na minha escola, tal como os sem-abrigo de Nova York , os de Montréal que, com temperaturas de -15°, nos estendiam a mão…

Tudo isso começou longe no tempo e continua ainda hoje a fazer-me  questionar o porquê dessa desigualdade... e logo a seguir por em causa a existência do Deus que nos habituaram a “acreditar”,  ser Pai de Todos!!

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Quinta-feira, 10.12.20

Que Natal?

Não nos podemos abraçar, não podemos ter uma refeição de Natal com os filhos e netos...por imperativos que todos conhecemos, nós não vamos e eles não vêm a nós, é assim!  Portanto este ano não houve balões, grinaldas ou luzes... o que aqui em casa se pode relacionar com a época é apenas a Estrela de Natal que comprei e o Quebra Nozes que veio há nove anos do Canadá, e que desde então está sempre no parapeito da minha janela!

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Segunda-feira, 23.12.19

Starry Night...🌟✨

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Quarta-feira, 26.12.18

Se calhar eu é que não estou a ver bem!

 

Nos tempos em que não havia peru todo o ano, bolo-rei na maior parte dos meses, rabanadas e filhoses uns três meses antes do Natal, ainda se justificava que houvesse vários pratos e uma mesa cheia de sobremesas. Hoje, do meu ponto de vista, claro está, não se justifica!

Nalguns pratos não se toca, nas sobremesas, em tempos que o açúcar é proscrito acontece quase o mesmo, a não ser que haja uma gulosa como eu!

Talvez eu pense assim porque a tradição me diz pouco e a minha racionalidade negue a necessidade de exageros.

 

Mas concedo que seja eu que estou errada...

 

A mesa estava muito bonita

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E o pudim que a avó Alda nos legou estava lá...

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publicado por naterradosplatanos às 14:57 | link do post | comentar | ver comentários (4)
Sábado, 22.12.18

🎄👑🌟🎼🎁🔔

 

Porque fazer votos Bons só nesta altura? Votos para três ou quatro dias? Parece  apenas uma necessidade de  repetição “destas” palavras escritas por todo o lado, será?

Em todo caso repito a ideia numa língua diferente para não soar tão vulgar:

 

                   MERRY CHRISTMAS!  🎁 

                   HAPPY NEW YEAR  👑

publicado por naterradosplatanos às 08:00 | link do post | comentar | ver comentários (4)
Terça-feira, 31.12.13

Na sequência do post sobre o Natal do Siamak e do blog "família de quatro"...

Patrícia, fui ver o blog que referiste, realmente só alguém muito especial é capaz de reunir forças para ultrapassar aquele momento, daquela maneira! Também quando era pequena alguém resgatou a nossa Noite de Natal quando dia 23 o teu bisavô teve de ser transportado de urgência para ser operado no Porto. Ficamos os quatro com a nossa Elvira... Para surpresa nossa, perto da hora da consoada o Sr. Adriano, grande amigo do meu pai nos foi buscar para passarmos a noite com a família dele. Isto foi quase há 60 anos, lembro-me apenas de que havia ananás de sobremesa, coisa rara para aqueles tempos, muita gente à mesa... o resto esqueci. Talvez algum dos meus irmãos, embora mais novos, recordem mais alguma coisa. Nesse Natal não houve presentes mas o Sr. Adriano deu-nos uns bonecos de chocolate iguais aos que ainda hoje podemos comprar! Quando nos levaram de novo a casa lembro-me da sensação de vazio...

publicado por naterradosplatanos às 17:24 | link do post | comentar | ver comentários (3)
Quinta-feira, 21.11.13

A síndroma da Menina dos Fósforos

Era miúda mas já sabia ler o suficiente e compreender o que lia. Como sempre durante a nossa infância quem providenciava as nossas leituras era a minha tia e madrinha. Assim por ela chegou às nossas mãos o livro de capa cartonada "Os contos de Anderson" da Coleção Azul. Entre outros contos havia um intitulado " A Menina dos Fósforos", um conto triste, tão triste que me lembro de quanto eu chorei ao "visualizar" as cenas nele descritas. Provavelmente a maior parte tê-lo-á lido quando criança mas para quem já não se lembrar aqui fica o resumo: "Era véspera de Ano Novo, já noite uma menina mal vestida percorria as ruas da cidade, a neve caía... Na mão trazia umas caixas de fósforos que teria de vender antes de chegar a casa. Mas quem a essa hora lhas compraria? O escuro e o frio fizeram-na abrigar-se num canto da rua... Um após outro foi acendendo os fósforos que fugazmente lhe aqueciam as mãos, a certa altura a cada fósforo que acendia sucediam-se cenas de Natal no conforto das lareiras, das mesas recheadas de iguarias, de árvores de Natal abrigando presentes...e crianças rindo e brincando por todo o lado! Risca o último fósforo que lhe resta e é então que uma face lhe sorri. Sente que a toma nos braços... reconhece a sua avó que a aperta contra si e então tudo se esfuma... No dia seguinte os primeiros transeuntes encontram aninhada num canto da rua nevada uma menina já sem vida!" Que tem isto a ver com o título do meu post? Obviamente que não foi este conto, longinquamente lido, que tem a ver com o facto de sempre me sentir desconfortável em tempo de Natal. Quando me perguntam porque me sinto deprimida nestes tempos que se convencionou serem de pura alegria eu respondo: porque nesta época os felizes são mais felizes enquanto que os infelizes são igualmente mais infelizes... Os que estão no limbo entre estas duas situações, esses serão felizes apenas momentaneamente!

publicado por naterradosplatanos às 18:02 | link do post | comentar | ver comentários (5)

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