No Areeiro e por aí...

Sim, duas excepções, a Pastelaria Apolo da Avenida João da Cruz e uma pequena frutaria na Rua Direita, o resto estava tudo fechado, como se compreende pela solenidade do dia.
A Pastelaria é uma pastelaria vulgar, o que já não acontece com a venda da fruta... entro porque sei que a fruta é boas, criada nas redondezas e portanto praticamente só há fruta da época.

Digo praticamente porque hoje também lá havia uma caixa de mangas do Brasil e uvas do Chile! Bom, mas o normal é a fruta ter ar biológico como as laranjas cheias de conchinilha que enchiam duas caixas de madeira.
A frutaria é propriedade de um casal muito além dos 70, sempre amável em deixar-nos escolher a fruta...

Hoje quando entrámos estavam lá uns turistas franceses que ele incentivava na língua que se vai tornando universal: very good, very good!

Entretanto os franceses saíram, nós, nós escolhemos as laranjas com conchinilha e saímos também!

Parece que foi ontem ou parece que foi há séculos?
Não sei bem em que ficar!
Páscoa em Trás-os-Montes, vs Páscoa no Alentejo, Páscoa de mim menina, Páscoa de mim mãe, obviamente duas formas distintas de as sentir... folares diferentes, estranhando-me os segundos, os folares doces de 4 ovos e os lagartos de olhos de feijão frade!
Nunca consegui gostar dos da terra que “adotei” e sempre sinto saudades dos da terra que me viu nascer!

Salgados vs doces!

Folar doce com olhos de feijão frade... (web)

Não fossem umas deliciosas amêndoas Hussel acompanhadas de um raminho de alecrim, que a Fátima me mandou mal teria dado por ela.

Lá por onde,o Areeiro se situa não vi sinais de cerimónias pascais!

Lá vai o tempo em que a Páscoa era para nós miúdos tão importante como o Natal. Tínhamos sempre vestidos e sapatos novos, ainda não havia ovos de Páscoa mas havia sempre amêndoas daquelas que têm biquinhos. O meu pai, esse, fazia sempre jejum, mas só ele... na 6ªf Santa não comíamos carne.

Chegados ao Domingo de Páscoa ansiávamos por ouvir a sineta que anunciava a visita Pascal e lembra-me de estarmos sempre muito ansiosas à espera que o senhor Padre subisse as escadas e nos dessem a cruz a beijar!

Hoje tudo é diferente e a Páscoa também...

Este saquinho vinha muito mais cheio, mas como sou uma pessoa gulosa...

Só dei pela Páscoa praticamente pelos supermercados com as suas prateleiras repletas de "ovos vazios". De resto outros sinais não encontrei!

Quando éramos pequenos sentíamos que era uma época festiva, havia sempre vestidos e sapatos novos que vaidosamente vestíamos no Domingo de Páscoa que incluía sempre a ida á Missa.

O meu pai era um católico cumpridor dos preceitos próprios da época e ensinou-nos a ver em silêncio a passagem da procissão do Senhor dos Passos, a esperar por ouvir o sino da Sé a tocar no Sábado de Aleluia e a festejar o Domingo de Páscoa! Se neste dia o tempo o permitia podíamos ir para a rua e brincar com a criançada da vizinhança e disputar jogos que hoje nenhuma criança já conhece...

Hoje a Páscoa, tal como os ovos de chocolate que vemos nos supermercados é também vazia... sinal dos tempos!

Para todos aqueles que me visitam aqui no "Areeiro e por aí..." desejo uma Boa Páscoa! A fotografia foi tirada num dia de Maio de 2011 quando regressei de Montreal. Durante um ano o meu jardim e pomar ficaram por conta da passarada e quando regressamos tínhamos algumas surpresas, uma delas foi esta Um casal de melros fez o ninho nos tubos de rega que estavam pendurados numa oliveira, nele estavam cinco ovinhos, azuis esverdeados...daqui, feliz ou infelizmente (tenho cerejeiras, compreendem?) os passaritos não nasceram já que os pais abandonaram o ninho desagradados dos novos utilizadores do jardim. Uma Páscoa Feliz!